Audiência pública da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, realizada na manhã desta terça-feira (27), expôs o posicionamento de professores e estudantes pela revogação do Novo Ensino Médio, vigente desde 2017. A atividade foi conduzida pela presidente do Colegiado, deputada Sofia Cavedon (PT).
Inicialmente foram apresentadas duas pesquisas sobre a implantação do Novo Ensino Médio no Rio Grande do Sul, realizadas no âmbito do Grupo de Estudos em Políticas Públicas para o Ensino Médio (Geppem) da Faculdade de Educação da UFRGS. Uma, exposta pelas professoras Maria Beatriz Luce e Angela Chagas, destacou os efeitos do Novo Ensino Médio na rede estadual do RS. Entre as conclusões estão o esvaziamento da formação geral básica e a fragmentação curricular, a limitada liberdade de escolha dos estudantes das Trilhas de Aprendizagem a serem seguidas e o aprofundamento e legitimação das desigualdades educacionais.
O segundo estudo divulgado, ainda em andamento, trata da relação entre a Seduc e instituições particulares para implantação do Novo Ensino Médio. A professora Mariangela Silveira Bairros, também da Faced, contou que, em seu trabalho, baseado em informações disponibilizadas pela Secretaria de Educação gaúcha, encontrou uma relação do órgão oficial com várias instituições particulares, recentemente criadas, concluindo que a Seduc é uma empresa. “O que está em jogo é o futuro de gerações que serão fruto de uma educação precarizada, que não trabalhou o conjunto do conhecimento”, avaliou. Ela pediu a revogação do Novo Ensino Médio.
Cpers
Dois representantes do Cpers/Sindicato, presentes ao debate, também pediram o fim das mudanças prometidas pelo Novo Ensino Médio. Edson Garcia disse que a política adotada tem uma visão completamente distante da realidade das escolas. “É um grande projeto de destruição da escola pública”, apontou. A professora Rosane Zan, também do Sindicato dos Professores, disse que o Novo Ensino Médio não traz nada de novo. “Ele não tem nada de novo, é velho. E é velho porque não se edifica no conhecimento. Queremos a revogação do Novo Ensino Médio”, argumentou.
Por sua vez, o presidente da UGES, Anderson Farias, fez relatos da realidade da implantação do Ensino Médio nas escolas gaúchas. Segundo ele, um dos principais problemas é a falta de professores para a capacitação profissional, através das trilhas de aprendizagem. Ele falou também sobre a Carta das Entidades Estudantis, pedindo a revogação do Novo Ensino Médio.
Também se manifestaram o vereador de Porto Alegre, Jonas Reis; o vice-presidente da UBES, Kaick Silva; a professora Neiva Lazzarotto; os professores Nilson Carlos da Rosa e Marcelo Dall Alba Boeira e a orientadora educacional Viviane Souza; a Promotora de Justiça, Cristiane Della Méa Corrales e estudantes da escola.
Conforme a deputada Sofia Cavedon divulgou, ao fim dos pronunciamentos, a ata da audiência será transformada em documento, incluindo as pesquisas apresentadas e uma Carta de Entidades Estudantis pela Revogação do Ensino Médio, para ser encaminhada ao presidente da República.