IFSul chega ao município após mobilização histórica
“Desde 2022, acompanhamos de perto a mobilização da comunidade comprometida com o sonho de ver Rosário do Sul receber um campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense e neste dia 15 de outubro foi publicado no Diário Oficial da União a criação do Campus do IFSul. A manifestação é da deputada Sofia Cavedon, vice-presidente da Comissão de Educação da AL-RS, comemorando a coroação de uma luta que nasceu da união e da persistência de tantas pessoas.
Sofia destaca que em 2023, conheceu o terreno indicado para a instalação e realizou uma Audiência Pública, pela Comissão de Educação, reunindo o MEC, a Reitoria do IFSul, a Prefeitura e a comunidade. “Um passo essencial para fortalecer essa luta coletiva. De lá pra cá, seguimos com reuniões e articulações junto ao MEC, sempre reafirmando o compromisso com a educação pública, com o interior e com o desenvolvimento da Fronteira Oeste”, salienta a deputada.
Ela lembra ainda que na Praça Borges de Medeiros, “plantamos juntos uma Tarumã, árvore que carrega um forte simbolismo para a comunidade. Ela foi plantada como um gesto de esperança! Hoje, essa Tarumã cresce junto com a conquista do campus, lembrando que quando a comunidade se une, o impossível floresce”, comemora Sofia.
Abaixo relato de Eliézer dos Santos Oliveira, membro da mobilização e professor de Filosofia Campus Santana do Livramento (IFSul):
Depois de muito esperançar, Rosário do Sul recebeu o anúncio oficial da criação de um campus do IFSul em solo rosariense. Trata-se do primeiro campus acadêmico nos 149 anos de história do município.
O Brasil precisa conhecer a extraordinária mobilização da comunidade rosariense em defesa da implantação de seu campus — um movimento iniciado em setembro de 2022 e que se mantém vivo até hoje. Uma ação coletiva, plural e suprapartidária, que se consolidou como um possível exemplo nacional de engajamento em favor da educação pública e profissional, inspirando também a reivindicação de outros direitos sociais.
Foram realizadas reuniões locais, estaduais, federais e até internacionais, acompanhadas de atos simbólicos e manifestações culturais de grande força expressiva. Entre elas: o plantio de uma árvore nativa como símbolo da esperança; o “IFusca”, que percorreu as ruas levando mensagens e uma canção composta especialmente para a causa; corridas e pedaladas de atletas; produção de objetos simbólicos, escolha de mascote infantil e até o transporte da água da Cacimba do Padre Ângelo Bartelle — pioneiro da educação no município — para regar a árvore que representa o futuro campus.
Somaram-se ainda cartas simbólicas enviadas ao Presidente Lula e uma diversidade de ações criadas por negros, feministas, sindicalistas, estudantes, professores, artistas, sem-terra, quilombolas, produtores culturais e religiosos.
As mídias regionais acompanharam de perto esse processo, dando visibilidade à causa rosariense e contribuindo para conscientizar a população sobre a importância histórica da chegada do primeiro campus acadêmico em quase um século e meio. A comunidade abraçou o projeto com entusiasmo, participando de cada etapa de forma ativa e consciente.
Além do protagonismo local, a mobilização contou com apoios políticos e artísticos vindos de várias partes do país e do exterior: prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais, senadores, músicos, artistas, esportistas, professores, religiosos, poetas, militantes sociais, representantes uruguaios e até um empresário nos Estados Unidos manifestaram solidariedade por meio de vídeos, cartas e mensagens públicas.
Antes da criação do campus, foi instituído o Centro de Referência do IFSul em Rosário do Sul, que recebeu uma emenda parlamentar de R$ 1 milhão, destinada pela Deputada Federal Maria do Rosário.
É difícil resumir a riqueza de tantos gestos e eventos. Há depoimentos de pais, mães, jovens e crianças, além de vasto material em fotos e filmagens. Uma reportagem sobre essa trajetória seria uma verdadeira ode à educação pública e à persistência popular, capaz de inspirar outras comunidades brasileiras. Em vários momentos, o movimento ouviu “não” — e por vezes pareceu que o sonho não se realizaria. Mas o povo de Rosário do Sul insistiu, resistiu e conquistou o tão esperado campus do IFSul.