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Novo Ensino Médio do Governo Leite, justo agora?

               Às vésperas de encerrar o ano de 2021, em 30 de dezembro, a SEDUC publicou uma Portaria com as normas para a implantação da Nova Base Curricular para o Ensino Médio, público e privado, do RS. Em meio a um cenário de grandes dificuldades devido a pandemia, com a adaptação de toda comunidade escolar ao retorno presencial, o Governo Leite decreta uma alteração estrutural de ensino, sem a participação dos agentes educacionais.

               A decisão preocupa justamente porque a visão de Educação para a Juventude expressa na grade curricular apresentada parece fragilizar a formação dos estudantes, direcionando-os precocemente para uma escolha profissional, trocando a formação em disciplinas clássicas por conteúdos em que, por exemplo, não há profissionais capacitados para orientá-los.

               Para a deputada estadual Sofia Cavedon (PT), que propôs reuniões e audiências públicas com a participação da secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, se trata de uma modificação que fragiliza a formação geral e integral dos jovens. A secretária, no entanto, não atendeu as problematizações feitas em reuniões e Audiências da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, estando presente apenas duas vezes, quando professores, direções de escolas, alunos e mães se posicionaram contra a nova grade curricular e fizeram propostas alternativas como, por exemplo, os Itinerários terem 6 períodos nos três anos.

               “Estamos diante de um projeto de Ensino Médio que não dialogou com professores e professoras nem com as comunidades escolares implicadas. Lamentamos que a SEDUC publique a nova base no início das férias escolares. Como as direções e professores vão se organizar para o início das aulas em fevereiro? Como fica a necessidade de um suporte extra para tantos estudantes que abandonaram os estudos ou não tiveram acesso integral ao ensino remoto e híbrido?”, questiona a deputada Sofia.

ENTENDA:

               Os Itinerários Formativos, que integram a grade curricular, tomam 6 períodos, 12 e 18, no primeiro, segundo e terceiro ano respectivamente, e poderão ser dados por outros segmentos profissionais, oriundos de outras instituições. Das mil (1000) horas anuais, no primeiro ano do Ensino Médio, duzentas (200) serão para os itinerários; no segundo quatrocentas (400) e no terceiro seiscentas (600). Os períodos da formação geral dos e das jovens desaparecem, em especial no terceiro ano, quando eles e elas não terão disciplinas de química, física, biologia, sociologia e literatura. É tão profunda a mudança que nos três anos, apenas um período semanal num dos anos, as e os estudantes terão acesso as disciplinas de educação física, filosofia, espanhol e artes.