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Novo Ensino Médio: o abandono da formação integral – Por Sofia Cavedon

A Secretaria Estadual da Educação do RS impôs nova base curricular para o Ensino Médio, em publicação no dia 30 de dezembro de 2021 e promove a fragilização da formação geral integral e o direcionamento precoce dos e das jovens estudantes para a escolha profissional.


Nas audiências públicas que realizamos durante 2021, no âmbito da Comissão de Educação, professores e direções de escolas, alunos e mães, em especial das escolas que foram piloto do Novo Ensino Médio, mostraram a fragilização da formação proposta, mas a SEDUC desconsidera tanto o debate dos professores e professoras quanto a reflexão das comunidades escolares implicadas.


A redução progressiva da formação geral para dar lugar aos chamados Itinerários Formativos, resulta em perdas como da Educação Física, da Filosofia, do Espanhol, da Literatura, das Artes que, durante os três anos, terão apenas UM período semanal em UM dos anos! Além disso, no terceiro ano, quando da prestação das provas para o Ensino Superior, não estão previstos no currículo Química, Física, Biologia, Sociologia e Literatura.


Das mil horas anuais que compõem o currículo do Ensino Médio, no primeiro ano, duzentas serão para os itinerários, no segundo, quatrocentas e, no terceiro, seiscentas. Sobre esses “itinerários”, pouco se sabe ainda e pouca formação têm as escolas para desenvolvê-los. O fato dos e das estudantes terem que escolher no início do primeiro ano, de forma precoce, uma área do conhecimento, perdendo a oportunidade da formação ampla e a mudança de interesse conforme seu desenvolvimento e despertar, desvela a ruptura com a formação integral e o encaminhamento precoce dos filhos e filhas da classe trabalhadora ao mundo do trabalho.


O Professor Dr. Gaudêncio Frigotto (2021) afirma “tratar-se de uma traição às gerações jovens que terão subtraído seu acesso às ferramentas básicas de cidadania política e econômica”. Aqui no Rio Grande do Sul, os e as adolescentes, jovens e adultos, que são sujeitos de direito a essa formação, que são dotados de cidadania plena, não foram sequer consultados sobre essas mudanças. As entidades estudantis quando falaram, não foram consideradas!


Esperamos que o governo reveja essa implementação e promova um amplo debate com as comunidades escolares e em especial com os e as estudantes – aqueles de quem a pandemia tirou tanto convívio, mas não seus sonhos e direitos!