Audiência apresentou também a 2ª edição do Observatório da Educação
Em audiência pública de apresentação da 2ª edição do Observatório da Educação da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, realizada virtualmente na tarde desta sexta-feira (21), a proposta do governo do Estado “Avaliar é Tri” foi analisada e muito criticada pelos participantes do encontro.
A deputada Sofia Cavedon (PT), ex-presidente da Comissão (2019/2020) e coordenadora da audiência, disse que o “Avaliar é Tri“, neste momento, é inadequado e não segue os indicativos do Conselho Estadual de Educação. Além disso, a deputada afirmou considerar a proposta governamental um desrespeito aos professores que ao longo do período da pandemia têm se encarregado de avaliar o desempenho global dos estudantes. “Os professores, sobrecarregados com horários presenciais e remotos, terão mais uma tarefa exaustiva e caberá a eles e as direções de escolas, a organização dos protocolos de segurança sanitária e das turmas”, salientou.
A defensora pública dirigente do Núcleo de Defesa da Criança e do Adolescente, Andreia Paz Rodrigues, concordou não é o momento adequado para avaliação.
A vice-presidente do CPERS/Sindicato, Solange da Silva Carvalho, disse que estava indignada com a proposta. Para ela, a aplicação presencial das provas pode aumentar os casos de contaminação de alunos e professores, porque a maioria das escolas estão esvaziadas ou, ainda, sem funcionamento. Solange contou que, segundo dados colhidos pelo CPERS, nas últimas duas semanas, foram mais de 100 casos de mortes entre professores e servidores da rede pública.
A diretora da faculdade de Educação da UFRGS, Liliane Giordani, destacou que a medida planejada pela Secretaria de Educação (Seduc) desconsidera as observações do Conselho Estadual de Educação. Ele considera que o instrumento de avaliação, proposto como universal, é um equívoco pedagógico, desconsiderando a tipificação do estudante, seu habitat e o aprendizado ligado à questões da pandemia e da manutenção da vida.
O esgotamento físico e mental de professores diante de um contexto catastrófico foi destacado pela professora da Universidade Estadual do RS (UERGS), Martha Narvaz e pelo integrante do Fórum de Diretores de Escolas de Santa Maria, Alan Buzzatti. Ele também demonstrou preocupação com a descontinuidade do ensino remoto, limitado a uma hora por dia. Para Alan, o resultado final da avaliação não será condizente com o que está acontecendo nas escolas.
A professora do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Maria Silvia Cristo teme que a medida adotada pelo governo de avaliar, neste momento, a aprendizagem nas escolas públicas possa avolumar a culpabilização dos professores pelos resultados insatisfatórios, já exauridos pela situação econômica do país e pelo seu próprio empobrecimento.
A proposta do Executivo é de avaliar o aprendizado e as perdas educacionais causadas pela adaptação necessária à pandemia de Covid-19 na rede pública gaúcha, através de provas de matemática e português para alunos do Ensino Fundamental e Médio. O exame, que se chama Avaliar é Tri, terá início na segunda-feira (24).
Fonte: Agência de Notícias da ALRS