Nenhuma reformulação será feita no currículo do curso normal sem que a comunidade escolar seja ouvida. A garantia foi dada por representantes da Secretaria Estadual de Educação na audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia para discutir a política de formação de professores em nível médio na rede estadual de ensino. O encontro, que ocorreu em ambiente virtual na manhã desta sexta-feira (8), foi proposto pela deputada Sofia Cavedon (PT) que coordenou o encontro.
Sofia Cavedon, em sua manifestação, ressaltou que a crise do curso normal não é obra das escolas, mas da desvalorização do magistério, promovida por sucessivas políticas públicas. Anunciou também que dia 22 de outubro haverá nova audiência para tratar da alfabetização.
Assessora do Departamento Pedagógico da Seduc, Taís Nogueira afirmou que alterações estão no radar da pasta, mas que o objetivo é qualificar o curso, torná-lo mais atrativo e continuar promovendo a abertura de turmas e a inserção de alunos.
Atualmente, 95 escolas no Rio Grande do Sul oferecem curso normal para 8720 (curso normal e curso normal e aproveitamento de estudos). Só em 2021, segundo Taís, 57 novas turmas de curso normal com reaproveitamento de estudos foram homologadas. “O Rio Grande do Sul é um dos poucos estados que ainda mantém curso normal, e a prática pedagógica, que dá ao aluno uma visão da realidade da sala de aula desde o primeiro ano, é uma característica nossa”, reconheceu.
Uma das principais preocupações dos professores e alunos que acompanharam a audiência é que a nova matriz curricular do Ensino Médio atinja justamente a carga horária das atividades didáticas, acabando com o diferencial, que é considerado positivo. “Isso não pode ser transformado em itinerário formativo. Se quisermos profissionais qualificados, precisamos de um curso normal integrado e não fracionado”, alertou o vice-diretor do Instituto Estadual Visconde de Cairu, de Santa Rosa, Júnior Alessandro.
Já o vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, Oswaldo Dalpiáz afirmou que, da parte do órgão, não há qualquer possibilidade chancelar o fim do curso normal no Rio Grande do Sul. Reconheceu, no entanto, a necessidade de adequá-lo ao novo Ensino Médio. “O Conselho ainda não tem uma grande definição sobre o tema, que deverá ser discutido nas próximas semanas. Mas acredito que não há como se afastar da lógica da atualização e do fortalecimento”, adiantou.
Boas Práticas
Durante a audiência pública, professores e alunos de cinco estabelecimentos que oferecem curso normal no estado – Instituto General Flores da Cunha, a mais antiga escola de formação de professores do Brasil; Instituto Educacional Cristo Redentor, de Cândido Godói; Instituto Tiradentes de Nova Prata; Escola Estadual de Ensino Médio Dr. Fernandes Coser, de Santa Maria, especializada na formação de professores surdos; e Instituto Estadual Visconde Cairu, de Santa Rosa – apresentaram boas práticas das instituições que representam e falaram da importância do curso para sociedade.