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Nossa homenagem ao arquiteto Emil Bered

Discurso da deputada Sofia Cavedon, proponente da outorga realizada dia 30 de novembro na Assembleia Legislativa do RS.

Hoje homenageamos com a Medalha da 56ª Legislatura da Assembleia Legislativa do RS, o arquiteto Emil Bered.

Nascido em Santa Maria, descendente de imigrantes libaneses, Emil Bered, família formada com imigrantes italianos, vem a Porto Alegre cursa arquitetura na UFRGS, primeiro voluntário sem remuneração, depois torna-se professor de projeto arquitetônico, regente da disciplina Grandes composições, ensinou muitas gerações de arquitetas e arquitetos, ocupou vários espaços de coordenação, foi paraninfo e homenageado muitas vezes, aposentando-se após 33 anos de ensino.

Como profissional, manteve escritório e desenvolveu projetos emblemáticos até hoje. Foi por duas vezes presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil – 1955 -1957, ao lado da atuação acadêmica, fez a luta pela valorização da profissão e foi destacado por prêmios e e medalhas em concursos de projetos, públicos e privados.

Aos 96 anos, graças a suas anotações rigorosas e arquivos pessoais, sua vida, idéias e obras são publicadas no livro recentemente lançado Emil Bered Arquiteto, organizado por Sergio Marques, Cesar Vieira, Eneida Stroher.

Onde é apresentada uma parcela de sua vasta obra desenvolvida desde a década de 1950 e representante do que se convencionou chamar Arquitetura Moderna Brasileira no Sul, da qual Bered é uma das maiores expressões.

Entre suas obras mais conhecidas estão o edifício IPASE, a igreja Maronita, o edifício da antiga sede da CRT, a residência do pintor Iberê Camargo e muitas outras.

Um dos autores ao prefaciar o livro, Sérgio Marques nos situa Bered na segunda geração de arquitetos do RS, primeiras da Faculdade de Arquitetura da UFRGS década de 40/50. “Arquitetura com parentescos da arquitetura do Rio capital – a de valor artístico autoral e de São Paulo, a de valor econômico excepcional, nossa morfologia doméstica agrega maior abstração, rigoroso controle construtivo e se aproxima da arquitetura de ofício, feita com consistência, esmero e dedicação.

“Para viver, temos que nos narrar; somos um produto da nossa imaginação. Nossa memória é, na verdade, um invento, uma história que reescrevemos a cada dia. (o que lembramos há vinte anos da infância não é o que lembro hoje), o que significa que nossa identidade também é fictícia, já que se baseia na memória. Sem essa imaginação que completa e reconstrói nosso passado e que outorga ao caos da vida, uma aparência de sentido, a existência seria enlouquecedora e insuportável, puro ruído e fúria” Da escritora Rosa Montero em A ridícula ideia de nunca mais te ver.

Ao entregarmos esta homenagem a este gaúcho de Santa Maria que muito contribuiu para nossa cultura arquitetônica, pensamos em contribuir para a narração de uma história do desenho das pessoas na cidade, tão desprestigiada hoje em dia, em que o valor do metro quadrado, do solo criado, se impõe ao estético, ao humanizador, ao direito de todos e todas à paisagem. Nossa homenagem é defesa do cuidado e preservação da história, da identidade da cidade que concede pertencimento e alimenta a criatividade.

Professor Bered, homenageando sua história, obras e dedicação à educação fortalecemos a resistência pelo direito de todos e todas à cidade.