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Paulo Freire vive em nossas resistências – Por Sofia Cavedon

Celebrar os 100 anos desse educador amoroso e intelectual genuinamente brasileiro e reconhecidamente universal, nos exige compromisso político com sua defesa enquanto defesa da democracia, da escola inclusiva e libertária, de uma sociedade justa.


Não é apenas nas reflexões acadêmicas e escolares que ele vive, pois Freire nunca quis virar verbete de enciclopédia, intocado, sempre exortou com sua pedagogia crítica, a permanente aprendizagem, o renovado compromisso político de a cada tempo assumir a luta da libertação dos e das oprimidas, ao lado e com eles, sujeitos que são da história.

É então nas lutas pela escola pública de qualidade, respeitada e apoiada que ele vive. É na defesa da dignidade dos e das profissionais da educação, da luta salarial, por carreira, por tempo e condições para serem pesquisadores de sua prática educativa.


Vive no enfrentamento à censura do diálogo na sala de aula, vive na defesa do direito de todos e todas, crianças e adolescentes, jovens e adultos estarem nas salas de aula e aprender! Paulo Freire vive quando reivindicamos a educação que constrói homens e mulheres sem preconceitos de classe, raça ou gênero.

O patrono da educação brasileira certamente não aprovaria a escola cívico militar porque questionava a educação bancária, autoritária, a disciplina e obediência sem sentido, sem ser resultado de construções coletivas democráticas.


Paulo Freire vive ao defendermos a eleição das direções das escolas, por toda a comunidade escolar que, debatendo o projeto da educação, escolhe, compromete-se com seu sucesso e luta junto para ter as condições necessárias. Ao exigirmos respeito aos Planos da Educação que são resultado da vontade e acúmulos coletivos, e não podem ser revogados por um ditador! Quando denunciamos a PEC da morte – a Emenda Constitucional 95 que interrompe esses planos e tantos sonhos do povo brasileiro – Freire grita em nossas vozes, nos acompanha nas marchas, se entristece pelo Brasil.

Mas esperançamos! Seguimos enfrentando esses que o destratam, que combatem seu legado e tentam impedir o sonho das classes populares de realizar-se pela educação que os torna protagonistas da sua história e da nossa história coletiva. E anunciamos: vem aí a nova primavera: a primavera da Democracia, fruto de nossas resistências e da amorosidade que Paulo Freire inspira!