“Quem autoriza a alienação de 65.000 m2 de área pública como está proposto para o projeto do Cais do Porto? Uma das questões que coloquei na Audiência Pública. Quem resolve o impacto viário de 900 moradias ali?” Os questionamentos foram da deputada estadual Sofia Cavedon, que junto com os representantes do movimento comunitário e coletivos culturais lutam contra o projeto proposto e querem ser ouvidos. Sofia também lembrou que o único plebiscito feito na capital deu, em 2009, um rotundo NÃO à moradia privada na orla, então, “quem está autorizando 900 apartamentos na beira do Guaíba, na área das Docas?”
Foi marcada por manifestações de protesto e muitas vaias a apresentação do projeto para revitalizar o Cais Mauá, o sítio mais icônico de Porto Alegre, onde nasceu a cidade.
“Os moradores não foram ouvidos”, foi o bordão repetido por quase todos que se manifestaram. Foi citada a carta aberta de 62 entidades protocolada no gabinete do governador pedindo uma audiência no ano passado.
“O governo não respondeu e não mandou representante na audiência realizada na Assembléia Legislativa”, acrescentou a deputada Sofia Cavedon, da Frente Parlamentar em Defesa do Cais Mauá.
O projeto foi apresentado em audiência pública promovida pelo governo do Estado, nesta quinta-feira, 28, no auditório do Centro Administrativo.
Um consórcio de oito empresas, contratado pelo BNDES, trabalhou dez meses na formatação da proposta (o Master Plan) apresentada na audiência. Com algumas alterações e maior detalhamento, é o mesmo projeto apresentado no Palácio Piratini, em novembro do ano passsado.
A exposição em power point foi feita por João Lauro de Matos, representante da empresa líder do consórcio Revitaliza, a Patrinvest, cuja especialidade é “transformar investimentos imobiliários em alternativas viáveis de inquestionável rentabilidade e segurança”.
Ele disse que o modelo concebido para sustentar a revitalização do antigo porto, que tem bens tombados pelo patrimônio público, é uma “PPP com contraprestação imobiliária”.
Significa que parte da área, de 180 mil metros quadrados, será concedida para exploração comercial e parte será vendida para incorporações imobiliária.
A área dos armazéns e os prédios públicos será concessão por 30 anos. Os terrenos das docas, que correspondem a 65 mil metros quadrados, um terço do total, serão vendidos para a construção de prédios residenciais e comerciais: hotel, salas comerciais e 900 apartamentos, para estimados 2.700 moradores.
Fonte: Portal do Jornal Já