Porto Alegre, 23 de setembro de 2025 – A insegurança nas escolas voltou ao centro do debate na Assembleia Legislativa. A deputada estadual Sofia Cavedon (PT) conduziu, na manhã desta terça-feira (23), Audiência Pública da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, reunindo professores, estudantes, entidades de classe, lideranças comunitárias e representantes do governo para discutir a crescente onda de violência nas escolas do Rio Grande do Sul.
Sofia, proponente da atividade, abriu os trabalhos destacando que a situação exige respostas imediatas do Estado. “Precisamos nos antecipar, identificar os problemas e construir estratégias de apoio às escolas, professores e alunos. Não podemos normalizar episódios de agressão e desamparo. É urgente garantir equipes, estrutura e políticas públicas que assegurem proteção e acolhimento dentro do ambiente escolar”, afirmou a deputada.
O clima de preocupação foi reforçado pelos depoimentos apresentados. A professora Marta da Rocha, da Escola Dinah Pereira, onde estão alunas e alunos do Instituto de Educação, relatou que foi vítima de agressão de um aluno que não tem acompanhamento especializado. “Fiquei sabendo de várias outras situações de professores afastados por agressão física. É muito séria a questão da falta de apoio aos professores dentro da escola. Pessoas que atuam como monitoras são auxiliares de serviço e sofrem assédio moral da direção para exercer atividades em sala de aula para as quais não têm preparo”, denunciou.
A diretora da Atempa, Rosele Souza, também chamou atenção para o problema estrutural da falta de recursos humanos. “A ausência de monitores para os alunos da inclusão é uma receita para dar tudo errado. A gente vem denunciando, mas as autoridades não levam em conta, normalizando a falta de atendimento específico ou a ausência de professores por problemas relacionados à saúde”, alertou, lembrando que a entidade lançou uma campanha contra a violência nas escolas.
O vice-presidente do Cpers/Sindicato, Edson Garcia, afirmou que as violências são múltiplas e atravessam as condições de trabalho. “Elas vão desde a violência aos profissionais de educação sem reposição salarial, sem local de trabalho em condições, sem poder atender corretamente nossos alunos sem laboratórios e bibliotecas. Também não temos mais a patrulha escolar nem o PM amigo da escola. A escola não é local para violência, é o local do acolhimento”, lamentou.
A defensora pública do Estado, Paula Dutra, alertou que a violência é apenas a face mais visível de um fenômeno muito mais amplo. “Devemos discutir as políticas públicas de inclusão efetiva, a estruturação das escolas e a valorização dos professores”, reforçou. Para a vice-presidente regional da UBES, Luisa Moraes, o problema exige respeito ao ensino público e aos estudantes. Já o líder comunitário de Novo Hamburgo, Will Ferraz, lamentou “a ausência do governo do Estado em um debate tão importante”.
Também se manifestaram o coordenador dos Conselhos Municipais de Educação, Charles Henrique dos Santos; a conselheira do SEED, Márcia Coiro; Isabel Cristina Domingues da Rosa, diretora-geral; Antônio Saldanha, da Associação dos Círculos de Pais e Mestres; além do Major Ademir Heinz e de Maria Gabriela, do Núcleo de Cuidado e Bem-Estar Escolar da Seduc.
Ao encerrar a audiência, Sofia Cavedon reafirmou o compromisso do mandato com a defesa das comunidades escolares do RS: “A escola deve ser sinônimo de cuidado, aprendizagem, esperança e cidadania. Não aceitaremos que se torne espaço de medo e desproteção. Esse debate não se encerra aqui, continuará firme nesta Comissão e em todas as frentes possíveis”.