A precariedade no atendimento às crianças e adolescentes com deficiência na rede municipal de ensino de Porto Alegre foi denunciada pela deputada estadual Sofia Cavedon (PT) durante reunião da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (19). O encontro, proposto pela parlamentar, expôs os graves problemas enfrentados pelos estudantes de inclusão, especialmente por conta da ausência de monitores qualificados e pelas constantes mudanças de terceirizados ou temporários.
Durante a reunião, Sofia criticou duramente a decisão da Secretaria Municipal de Educação (Smed) de retirar monitores especializados de forma repentina das escolas infantis, classificando a medida como “absurda e violenta”. “O secretário de Educação resolveu economizar justamente na inclusão escolar, eliminando a possibilidade fundamental de vínculo das crianças com autismo ou síndrome de Down com suas escolas. É inadmissível que essas famílias tenham suas vidas desorganizadas dessa forma”, ressaltou.
A deputada também destacou que foram feitas diversas tentativas frustradas de diálogo com o secretário e o prefeito Sebastião Melo. “Recorremos inclusive à Defensoria Pública porque a situação é grave e persiste até agora, em pleno final de março”, disse Sofia. A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos encaminhará ofício ao prefeito, solicitando que receba urgentemente os familiares e cuidadores dos estudantes.
Entre os relatos apresentados, Inajara Cruz da Rosa, mãe de um aluno autista, denunciou a agressão sofrida pelo filho devido à falta de profissionais capacitados na escola. Elisabete Charão, diretora do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), alertou que mais de 60 monitoras foram retiradas no início do ano, deixando a rede municipal em situação crítica de falta de pessoal. “Precisamos exigir qualidade e respeito no atendimento às crianças especiais”, pontuou.
A diretora de Assuntos Educacionais da Associação dos Trabalhadores/as em Educação do Município de Porto Alegre (Atempa), Roselia Siviero, reforçou a necessidade urgente da realização de concursos públicos para garantir a estabilidade e qualidade na educação inclusiva. “Porto Alegre precisa enfrentar com seriedade a inclusão escolar, com profissionais qualificados e permanentes”, concluiu.