O Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) apresentou ao parlamento gaúcho o Programa de Bolsas Recupera RS, elaborado pela instituição e pela Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) e pela Associação Brasileira de Instituições Educacionais Evangélicas (Abiee). A exposição ocorreu durante a reunião da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa nesta terça-feira, 25. A atividade foi conduzida pela presidente do colegiado, deputada Sofia Cavedon (PT).
O Programa, de caráter temporário, pretende estabelecer uma barreira ao aumento da evasão no ensino superior gaúcho em face da projetada redução da atividade econômica, e estabelecer uma estratégia para garantir a retomada do crescimento do Estado, através de bolsas para estudantes atingidos pelas enchentes.
A deputada Sofia Cavedon, em sua fala, lembrou que o governo do Estado vem contratando instituições de fora do RS para consultoria, monitorização e fiscalização na área educacional, abandonando a inteligência e expertise existentes nas Comunitárias. Ela afirmou que o governo do Estado, ao apresentar sua proposta de reconstrução do RS, não atribuiu o devido progranismo às instituições educacionais sem fins lucrativos
Para o presidente da Comung e reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc)as universidades comunitárias estão diretamente inseridas nas comunidades e conhecem as realidades das regiões. Portanto, o objetivo do Recupera RS, mesmo com seu caráter temporário, “buscará conter o aumento da evasão de estudantes e também atuar como estratégia para garantir a retomada do crescimento do RS”.
Conforme o padre Sergio Mariucci, reitor da Unisinos, as Instituições de Ensino Superior sem Fins Lucrativos atendem cerca de 140 mil alunos, em 896 cursos de graduação e 693 em pós-graduação. Nelas existem mais de 3,8 mil projetos de pesquisa, quase o mesmo número de laboratórios, 13 incubadoras tecnológicas, 610 empresas incubadas, 11 centros de inovação e oito parques tecnológicos. Ele destacou que 22.634 alunos foram afetados pela tragédia climática.
Por sua vez, o vice-reitor da Unisinos, Artur Eugênio Jacobus, explicou que o Programa de Bolsas quer atingir 30 mil estudantes, com tempo de concessão da bolsa planejado para três semestres (2024/2 até 2025/2). Ele esclareceu que os beneficiados, caso o programa seja adotado, receberão 1,5 mil mensais, com um auxílio permanência de mais 800 reais para alunos cujas as casas foram diretamente afetadas pelas enchentes (até 10 mil alunos). Jacobus orçou em mais de 600 milhões de reais o subsídio governamental para implantação do Programa. O vice-reitor também apresentou os requisitos necessários para recebimento da bolsa e a contrapartida das instituições de Ensino Superior, como o comprometimento em priorizar as atividades de pesquisa e extensão em temas de preservação e mitigação de catástrofes climáticas.
Em sua manifestação, o deputado Rafael Braga (MDB) disse que a execução do programa de bolsas apresentado é uma boa oportunidade para a ampliação do programa Professor do Amanhã, do governo do Estado. “É o momento para se aproveitar os investimentos da suspensão da dívida para utilizá-los em educação, especialmente na manutenção das matrículas em cursos de qualidade”, salientou.
Também o deputado Miguel Rossetto (PT) apoiou o Programa. Conforme ele, a iniciativa de financiar alunos viabiliza a continuidade das universidades comunitárias. Ele sugeriu que o Comung, além do Fórum dos Coredes, apresente a proposta para o governo do Estado e o Fundo de Reconstrução do RS, com recursos extraordinários e orçamentários possam bancar o Programa. Sobre a situação financeira das instituições educacionais comunitárias, Rossetto afirmou que é impensável admitir o fechamento de universidades, quando o Estado mais precisa delas.
Sofia Cavedon afirmou que a proposta do Comung será transformada em um documento a ser enviado para os governos estadual e federal e propôs a realização, em agosto, de uma audiência pública para debater a participação da educação na reconstrução do estado.
Também se manifestaram o presidente do Fórum dos Coredes, Idioney Oliveira Vieira; o diretor do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS), Marcos Fuhr; a representante do DCE da Unisinos, Rosana Carpena; o representante da UEE/RS, Rodrigo Duarte; o presidente do DCE da UCS, Wallace Castro Tropaga. Acompanharam a reunião, o vice-reitor da Urcamp Guilherme Bragança e, virtualmente, representantes de outras universidades comunitárias.
Fonte: Agência de Notícias da ALRS